.
no escuro da estrada
sua boca de passageira
em minha orelha de motorista
clarões de relâmpagos no céu
à velocidade da luz
fazendo flashs sobre a noite
algo assim
como se o dia
quisesse se reacender
ou como se o planeta
fosse uma lâmpada
com o filamento em mau contato
depois de algumas curvas
a certeza de uma reta
ainda que as dúvidas
girassem os pneus
nas poças d'água
da chuva
e da nossa úmida conexão
.
.
queres viver
como espuma
seres muitas
não apenas uma
ao sabor das ondas
temperar a vinda
com o sal
e a ida
com minúsculos grãos de areia
aqueles mesmos
que fazem os castelos
de outros reinos
tu não
o que te impera
é o canto dos sapos
e das sereias
coisas bem mais vagas
que nos mostram como é a vida
em toda a sua arrebentação
.