segunda-feira, 30 de novembro de 2009

sobre um certo concurso de poesia...

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a prefeitura de mogi lançou um concurso nacional de poesia... eu preciso falar alguma coisa sobre isso! bom, pra início de conversa, tudo bem o concurso ter um tema ("mogi das cruzes - 450 anos"), mas daí a exigir que no poema apareça a expressão "mogi das cruzes - 450 anos" (ainda que em versos separados) me parece algo bastante primário, pra não dizer bitolante... como aquelas redações antigas de escola que tinham que terminar com uma certa frase definida aprioristicamente... não bastasse isso, o regulamento, de duas páginas apenas, ainda sugere que as poesias concorrentes abordem "fatos históricos e/ou características da cidade" (tais como "belezas naturais, economia, praças, ruas, monumentos, costumes etc.") e, pior, ainda sugere sites nos quais isso pode ser pesquisado (do site da prefeitura ao google, meu deus!!); dessa forma, podemos pensar que, ao invés do concurso ter como objetivo "estimular o interesse pela linguagem lírica" (lirismo é sinônimo de poesia??) e "incentivar a criação e a divulgação da poesia" (criação das poesias que eles querem!!), o concurso parece ser uma forma camuflada (ou melhor, explícita!) de "ufanismo municipal" (com perdão do neologismo da expressão...);
além disso, o concurso não prevê nenhum cuidado quanto ao anonimato dos poetas concorrentes - concursos sérios, todos sabem, exigem o envio de obras por correio, com envelopes lacrados com a identificação das poesias e dos autores via pseudônimos; lamentável um concurso nacional não adotar essa prática, que evitaria suspeitas quanto aos critérios de julgamento das obras; e diga-se de passagem, o fato do concurso em questão não ser numerado (apesar de constar o ano 2009, por que não "1. concurso nacional de poesia de mogi das cruzes"? não lembro de edições anteriores, em 2008, 2007 etc.) sugere ser um evento pensado apenas para a promoção comemorativa e governista do aniversário da cidade - novamente um exemplo de uma ação pontual da secretaria de cultura, sem nenhum planejamento de continuidade da cultura regional; e mais um exemplo do que eu tenho chamado de "efeito expresso turístico"...
bom, falei o que eu queria... quem quiser conferir (ou participar), o link é: http://www.cultura.pmmc.com.br/novosite/index.php?option=com_content&view=article&id=588
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5 comentários:

Anônimo disse...

Ah, esta terra ainda vai cumprir seu ideal.
Mogi das Cruzes das ruas estreitas e das casas feias; das projeções obsoletas e dos atropelamentos; do embrião da cultura a nascer e padecer sem oxigênio.
Situada entre as Serras do Mar e do Itapeti, a cidade que completará, em 2010, 450 anos carece de homenagens, com o perdão da expressão que me ocorre agora, artístico-compelidas, uma vez que a gestão e outras circunstâncias mil parecem não estar conseguindo fazer com que a terra do caqui seja digna de homenagens 100% espontâneas. Mas não quero entrar nessas questões; quero apenas mencionar que o regulamento representa uma espécie de visão menor em relação à poesia, que, nesse caso, funcionaria como mero ópio, mascarando, filtrando e até mesmo limitando aquilo que os bons poetas têm enquanto diferencial: o olhar diligente e sensível. Subestimar os poetas, eis o objetivo principal, na minha opinião, do concurso.
Arriscando previsões de acordo com as propostas que diminuem o papel do poeta e, portanto, a sua capacidade de criação, a antologia trará poemas pieguas, sobretudo aqueles nostálgicos; trará poemas de uma mogi ainda mais provinciana e humilde que hoje [humildade, virtude cristã numa terra de cruzes, símbolo cristão]. não que isso vá determinar maior ou menor valor aos poetas, mas sim de acordo com os critérios de uma banca apaixonada pela cidade.
o modo como foi apresentado esse concurso, pra mim, é lamentável. a antologia poderá divulgar trabalhos de poetas competentes. espero que isso aconteça, apesar de que não seria mérito nenhum da iniciativa da prefeitura municipal. que todos os interessados pelo concurso, amantes e residentes da cidade ou gente de fora que queira divulgar o trabalho e fazer poema com base nas pesquisas do google, cantem Mogi das Cruzes, cruzes essas que, no caso do concurso em questão, servem apenas para ser cravadas nos lugares onde a cultura da cidade e os talentos em potencial serão enterrados - se é que já não estão no bom descanso há mais tempo, quem sabe há quase 450 anos?

Anônimo disse...

Ah, esta terra ainda vai cumprir seu ideal.
Mogi das Cruzes das ruas estreitas e das casas feias; das projeções obsoletas e dos atropelamentos; do embrião da cultura a nascer e padecer sem oxigênio.
Situada entre as Serras do Mar e do Itapeti, a cidade que completará, em 2010, 450 anos carece de homenagens, com o perdão da expressão que me ocorre agora, artístico-compelidas, uma vez que a gestão e outras circunstâncias mil parecem não estar conseguindo fazer com que a terra do caqui seja digna de homenagens 100% espontâneas. Mas não quero entrar nessas questões; quero apenas mencionar que o regulamento representa uma espécie de visão menor em relação à poesia, que, nesse caso, funcionaria como mero ópio, mascarando, filtrando e até mesmo limitando aquilo que os bons poetas têm enquanto diferencial: o olhar diligente e sensível. Subestimar os poetas, eis o objetivo principal, na minha opinião, do concurso.
Arriscando previsões de acordo com as propostas que diminuem o papel do poeta e, portanto, a sua capacidade de criação, a antologia trará poemas piegas, sobretudo aqueles nostálgicos; trará poemas de uma mogi ainda mais provinciana e humilde que hoje [humildade, virtude cristã numa terra de cruzes, símbolo cristão]. não que isso vá determinar maior ou menor valor aos poetas, mas sim de acordo com os critérios de uma banca apaixonada.
o modo como foi apresentado esse concurso, pra mim, é lamentável. a antologia poderá divulgar trabalhos de poetas competentes. espero que isso aconteça, apesar de que não seria mérito nenhum da iniciativa da prefeitura municipal. que todos os interessados pelo concurso, amantes e residentes da cidade ou gente de fora que queira divulgar o trabalho e fazer poema com base nas pesquisas do google, cantem Mogi das Cruzes, cruzes essas que, no caso do concurso em questão, servem apenas para ser cravadas nos lugares onde a cultura da cidade e os talentos em potencial serão enterrados - se é que já não estão no bom descanso há mais tempo, quem sabe há quase 450 anos?

Unknown disse...

Só posso fazer minhas as palavras ( e ótimas ) de nosso querido amigo Anônimo, sua indignação tem fundamento, estamos realmente atrelados a uma Secretaria de Cultura que anda não tem a visão que os artistas desta cidade merecem, sabemos que Mogi das Cruzes é um celeiro imensurável de poetas, escritores, compositores e artistas, que nem de longe precisariam desta desaforada orientação de pesquisa... É bastante clara a visão dos criadores deste concurso, já que sua capacidade é limitada no que diz respeito ao conhecimento de editais de concuro, pelo penos é o que deixa tranparecer, deveria então ter se orientado por algum outro município que já tenha realizado um concurso parecido, acho que seria o bastante para perceber que não é necessário obrigar a escrever alguma frase, bastaria o tema, isso pra mim ou é dúvidar da capacidade de criação do artista ou de tolher sua inspiração... Mas como sempre temos esperança que as coisas mudem, será que alguém vai se dignar a participar de tal concurso?
Cristiane Silva
Atriz e amiga de Gabriel

Unknown disse...

Po0de retirar, vou denunciá-lo pessoalmente à Secretária de Cultura, e com o prefeito.
Quero ver.
Vou enviar denúncias a vários órgãos e até onde você trabalha.

Unknown disse...

Bitolante? Isso é mais que bitolante, é uma ditadura poética (se é que isso existe).A poesia é livre, não pode limitar-se a regras , pois desta maneira, não seria uma criação artìstica e sim técnica.Até tinha escrito uma poesia para o concurso, mas como tinha que ser uma poesia dentro de um padrão de pesquisa, vi que não seria sincera...
Quanto a Luna, que coisa medíocre, não é crime criticar, você é que deveria se auto-denunciar, por não respeitar a liberdade de expressão e opinião, ainda presentes nesse município (creio, embora sem certeza).
Gabriel, um abraço !!!