sexta-feira, 11 de julho de 2008

pré-socráticos na mesa do bar

dias desses me peguei discutindo filosofia pré-socrática com meu amigo cícero; lógico que foi num bar e à noite, local e período pra lá de propícios para incursões epistemológicas despretensiosas... há tempos, acho que desde que deixei de lecionar filosofia da ciência na universidade são judas (1991-1995), não me dedico a refletir sobre esses pensadores do período arcaico (do séc. vii ao séc. vi a.c.) da grécia antiga - período esse que se caracterizou pelo desenvolvimento da pólis e do escravismo, o que acabou resultando nas condições históricas básicas para o desenvolvimento do pensamento racional entre aquele povo disperso entre o mar jônico e o mar egeu;

na história da filosofia, os poucos registros escritos que esses pensadores pré-socráticos deixaram (ou o que pelo menos foi possível encontrar) são conhecidos como fragmentos - não é o caso quanto a tales de mileto, de quem só sabemos por conta exclusivamente de uma doxografia (mais ou menos aquilo que seria uma coleção de opiniões encontradas em outros registros da época);

alguns dos fragmentos pré-socráticos se tornaram bem populares e muitas vezes o senso comum atual recorre a eles, mesmo que de maneira livre; só para dar um exemplo, quem aí não reconhece esses?, de heráclito de éfeso: "para os que entram nos mesmos rios, correm outras e novas águas"; "descemos e não descemos nos mesmos rios; somos e não somos"; "não se pode entrar duas vezes no mesmo rio; dispersa-se e reúne-se; avança e se retira"; heráclito, também conhecido como "o obscuro", defendia basicamente a idéia de que tudo está em movimento ("a natureza ama esconder-se") e, por isso, é sempre citado em oposição ao pensador parmênides de eléia, que defendia a doutrina da permanência, acreditando que pensar e ser é o mesmo;

gosto particularmente de alguns fragmentos de heráclito, talvez não tão profundos, algo assim lado b: "o sol tem a largura de um pé humano" (imagino ele deitado ao sol do verão, sem ter o que fazer, esticando a perna e tentando se proteger dos raios solares com a sombra do seu pé... rsrsrs); "se todas as coisas se tornassem fumaça, conhecer-se-ia com as narinas" (êta preguiça!!); "não se deve agir nem falar com os que dormem" (o que ele andou tentando fazer com as pessoas que dormiam com ele?);

se bem me lembro, eu e cícero falamos um pouco mais dessa turma, que inclui nomes como anaximandro, pitágoras, empédocles, leucipo, demócrito etc; tal como na história, o papo pré-socrático terminou quando lembramos da não tão doce xantipa, mulher de sócrates... parece que até naquela sociedade ultra-machista, na qual mulheres não eram cidadãs e a homossexualidade era coisa de macho, valia o ditado: atrás de um grande sócrates sempre há uma grande xantipa...

Um comentário:

Gabriella Cardozo disse...

É de comer?!?!? (huahahuahuahuauhauha)

o.O